A neblina densa que cobria a floresta parecia mais espessa do que antes. Cada passo de Ethan era meticulosamente calculado, como se a própria terra estivesse retendo seu movimento, observando-o com olhos invisíveis. O eco dos passos abafados pela névoa fazia o ambiente parecer ainda mais desolado, como se estivesse longe de tudo que ele conhecia. No entanto, algo dentro dele dizia que aquele era o caminho certo. O caminho para o que ele procurava, mesmo que não soubesse exatamente o que seria encontrado.
Ethan parou diante de uma clareira. As árvores ao redor formavam um círculo perfeito, suas raízes entrelaçadas, criando uma espécie de muro natural. No centro, uma pedra antiga estava erguida, coberta de runas que se iluminavam fracamente sob a luz da lua. Ele se aproximou com cautela, a sensação de ser observado crescendo a cada segundo.
— A verdade sempre esteve aqui, você só precisava olhar com os olhos certos — disse uma voz suave, mas profunda, que parecia vir de todos os cantos ao mesmo tempo.
Ethan se virou rapidamente, mas não viu ninguém. A voz ecoou dentro de sua mente, mais do que em seus ouvidos.
— Quem está aí? — Ele perguntou, a tensão crescendo.
Do fundo da clareira, uma figura apareceu, surgindo lentamente das sombras. Era uma mulher, alta e elegante, vestida com um manto que parecia ter sido feito de estrelas. Seus cabelos, de um tom prateado, se moviam como se estivessem sendo soprados por uma brisa invisível, mesmo que não houvesse vento. Seus olhos eram como espelhos, refletindo não o que estava diante dela, mas algo muito mais profundo, algo que parecia transcender o próprio espaço.
— Eu sou a Guardiã do Véu — respondeu a mulher, sua voz reverberando no ar, como um sussurro ancestral. — E você, Ethan, tem uma escolha a fazer.
Ele sentiu um calafrio percorrer sua espinha. "Guardiã do Véu"? Essas palavras não significavam nada para ele, mas, ao mesmo tempo, algo dentro dele reconhecia a profundidade do que ela dizia. Ele sentiu que estava à beira de algo imenso, algo que poderia mudar tudo o que ele pensava saber.
— O que você quer de mim? — Ele perguntou, tentando manter a calma.
A mulher sorriu, mas o sorriso não era de bondade. Era enigmático, como se ela soubesse mais sobre ele do que ele mesmo.
— Você está à procura de respostas, não está? — disse ela, a expressão tornando-se mais séria. — Mas saiba que a verdade não é algo simples de se carregar. Ela pesa, e pode alterar tudo o que você conhecia até agora.
Ethan engoliu em seco. "Alterar tudo o que conhecia", essas palavras soaram como um aviso, mas ele não podia mais voltar atrás. O mistério sobre a origem de seus poderes, a conexão com o desaparecimento de sua irmã, a verdade sobre seu passado... Tudo isso o trouxe até ali.
— Eu preciso saber. — A voz dele estava mais firme agora, mas ainda cheia de dúvida. — O que aconteceu com minha irmã? O que são esses poderes? E o que tudo isso tem a ver com a guerra que se aproxima?
A Guardiã do Véu olhou profundamente em seus olhos, como se estivesse pesando suas palavras antes de falar.
— Sua irmã... — ela começou, sua voz tão suave quanto a brisa da noite. — Ela não foi a primeira a desaparecer. Há muito mais por trás desse mistério do que você imagina. E os poderes que você possui... eles não são um acidente. Eles têm raízes em algo muito mais antigo. Algo que está em guerra silenciosa há milênios.
Ethan deu um passo à frente, sentindo a gravidade das palavras dela pesando sobre ele.
— O que você está dizendo? — Ele não conseguiu esconder a incredulidade. — Você está dizendo que minha irmã... estava envolvida em algo tão antigo? Algo que se estende por milênios?
A Guardiã assentiu lentamente, os olhos refletindo uma tristeza profunda.
— Ela fez uma escolha. E sua escolha a levou a algo além deste mundo. Assim como suas escolhas agora o levarão a um destino que está entrelaçado com o futuro da terra, das estrelas e de tudo o que você conhece. Mas cuidado, Ethan, pois nem todos os caminhos são reversíveis.
O silêncio entre eles se estendeu, e Ethan sentiu o peso daquelas palavras caindo sobre seus ombros. O que ele estava prestes a descobrir poderia ser mais do que ele poderia suportar. Mas ao mesmo tempo, ele sabia que não poderia virar as costas para a verdade, não depois de tudo o que havia acontecido. Ele precisava seguir em frente, não importa o custo.
A Guardiã levantou a mão, e as runas na pedra central começaram a brilhar com uma intensidade cegante. Uma luz dourada envolveu o local, e Ethan sentiu uma energia pulsante, como se estivesse sendo transportado para outro lugar.
— Eu te darei uma visão — disse a Guardiã. — Uma visão do que está por vir, mas lembre-se: o véu da verdade não pode ser retirado sem que haja um preço a pagar.
Antes que ele pudesse protestar, a luz se intensificou, e Ethan foi tomado por uma sensação de vertigem. Ele viu flashes rápidos, como imagens desordenadas e distorcidas: uma guerra devastadora, um céu escuro, uma figura encapuzada erguendo uma espada flamejante, e, no centro de tudo isso, uma árvore gigantesca, suas raízes se espalhando por todo o mundo. No momento seguinte, ele se viu de volta à clareira, respirando pesadamente.
A Guardiã olhou para ele com uma expressão de preocupação.
— O que você viu... foi o futuro, mas não um futuro definitivo. O que você faz agora, Ethan, definirá o destino de todos. O véu da verdade foi levantado, mas a jornada apenas começou.
Ethan sabia que o que quer que fosse que ele acabara de ver era apenas a ponta do iceberg. Mas a pergunta que ecoava em sua mente agora era clara: ele estava pronto para encarar o futuro, mesmo sabendo que seu preço poderia ser muito alto?