A Guardiã da Floresta olhou para Ethan com um olhar tão intenso que parecia penetrar em sua alma. Ele não sabia o que esperar dela, mas a presença daquela mulher, sua aura de mistério e sabedoria, trazia uma sensação de urgência. Algo importante estava prestes a acontecer, e ele não podia perder tempo.
— Você está mais perto do que imagina, Ethan. — A Guardiã repetiu, suas palavras suaves, mas carregadas de um peso incomum. — Mas antes de chegar à árvore, você precisará entender o que está em jogo. A árvore não é apenas um ponto de poder, mas um ponto de interseção entre os mundos. O que você escolhe fazer com ela afetará não apenas a sua realidade, mas todas as outras.
Ethan sentiu um calafrio ao ouvir isso. Ele sabia que a árvore tinha um poder imenso, mas a ideia de que suas ações poderiam impactar mais de um mundo o deixava inquieto. Ele não era apenas uma peça nesse grande jogo; ele era a chave.
— O que preciso fazer? Onde está a árvore? — Ele perguntou, tentando manter o foco.
A Guardiã levantou a mão e apontou para o horizonte, onde uma linha tênue de luz brilhou através das árvores, como uma pista silenciosa, convidando-o a seguir. Ao fundo, uma neblina espessa parecia envolver a área, criando uma sensação de mistério e perigo iminente.
— A árvore está além da neblina. Mas não será fácil alcançá-la. O caminho está cheio de sombras, não apenas físicas, mas também espirituais. Os seres que habitam essa floresta são antigos e poderosos, e muitos deles não querem que você siga em frente.
Ethan olhou para a névoa à distância. Ele sabia que nada seria simples, mas algo dentro de si, uma chama de determinação, o empurrava a seguir em frente. Não importava os obstáculos, ele tinha um objetivo agora. Ele tinha que chegar à árvore, de alguma forma.
— Eu entendo. — Ele disse, decidindo. — Eu seguirei o caminho, não importa o que enfrente.
A Guardiã fez um gesto com a mão, e uma pequena esfera de luz flutuou até Ethan, iluminando o espaço ao seu redor. A luz parecia não apenas guiá-lo, mas também protegê-lo, uma ferramenta para enfrentar o que quer que estivesse à frente.
— Esta luz será sua guia. Mas lembre-se, Ethan, ela pode mostrar o caminho, mas não impedirá que você enfrente seus próprios demônios. As sombras que habitam esta floresta não são apenas do mundo físico. Elas estão dentro de você, também.
Ethan hesitou por um momento. Ele sabia que aquilo não era apenas uma metáfora. Durante sua jornada até aqui, ele já havia enfrentado muitos desafios internos. A dúvida, a dor pela perda de sua irmã, as revelações que o assombravam… tudo isso o atormentava. Mas, talvez, o maior obstáculo fosse o que ele não sabia sobre si mesmo.
— Eu vou enfrentar o que for necessário. — Ele disse com firmeza, embora sua voz tremesse um pouco.
A Guardiã deu um sorriso enigmático.
— Eu sei que você fará. — Ela respondeu, desaparecendo na névoa com a mesma suavidade com que apareceu.
Ethan ficou sozinho, a luz da esfera flutuando à sua frente. Ele respirou fundo e começou a caminhar. O som de seus passos ecoava na floresta silenciosa, misturando-se com os sussurros da brisa que se movia entre as árvores. A névoa ao seu redor parecia pulsar, como se estivesse viva. Cada passo o levava mais fundo na floresta, onde as sombras se tornavam mais densas e o ar mais pesado.
À medida que avançava, a paisagem começou a mudar. As árvores, que antes eram grandes e imponentes, começaram a se curvar de maneira grotesca, como se estivessem sendo distorcidas por uma força invisível. O chão estava coberto por raízes espessas e arbustos espinhosos, dificultando o avanço. Mas Ethan continuou, impulsionado pela necessidade de descobrir mais, de entender o que estava acontecendo.
Então, ele ouviu o som. Um suspiro baixo, como um murmúrio distante. O som parecia vir de todos os lugares, como se a floresta estivesse conversando com ele. Ele parou por um momento, atento, tentando identificar a origem do som. Foi quando a esfera de luz que ele carregava começou a brilhar mais intensamente, como se estivesse reagindo a algo.
De repente, uma figura sombria apareceu à sua frente, emergindo das sombras da floresta. Era uma criatura alta, envolta em um manto escuro, com olhos vermelhos que brilhavam com um brilho ameaçador. Sua presença fazia a temperatura ao redor de Ethan cair instantaneamente.
— Você chegou mais longe do que deveria. — A voz da criatura era grave, carregada de desdém. — Este é um caminho que poucos têm o direito de trilhar. Você acha que pode atravessar as sombras sem pagar o preço?
Ethan não recuou, embora o medo começasse a tomar conta de seu corpo. Ele sabia que não podia voltar. Ele tinha um destino a cumprir, e a criatura diante dele era apenas mais um obstáculo.
— Eu não tenho medo de você. — Ethan disse com mais coragem do que sentia. — Eu vou até o fim, não importa o que aconteça.
A criatura riu suavemente, um som que parecia uma mistura de desdém e diversão.
— Você é corajoso, mas a coragem não é o suficiente para derrotar as sombras que habitam este lugar. Você vai falhar, Ethan. Todos falham.
Ela avançou em sua direção, e Ethan sentiu um peso esmagador em seu peito, como se a própria escuridão da criatura estivesse pressionando sua mente. Mas então, ele lembrou das palavras da Guardiã: as sombras não são apenas do mundo físico. Elas estão dentro de você também.
Ethan fechou os olhos por um momento e, respirando fundo, focou em suas emoções, em seus medos. A dor pela perda de sua irmã, o desespero pela imensidão de sua tarefa, a dúvida sobre se ele seria capaz de tomar a decisão certa — tudo isso estava ali, dentro dele, como sombras que tentavam dominá-lo.
Mas ele não ia ceder. Ele não ia permitir que essas sombras o controlassem. Ele havia decidido seguir em frente, e isso significava que ele precisava enfrentar seus próprios medos.
Abrindo os olhos, ele levantou a mão e, com um movimento, a esfera de luz à sua frente brilhou com intensidade. A luz se expandiu, afastando as sombras ao seu redor, criando uma onda de energia que empurrou a criatura para trás.
A figura sombria recuou momentaneamente, mas seus olhos vermelhos brilharam ainda mais intensamente, como se ela estivesse furiosa. A criatura falou novamente, mas agora com um tom mais ameaçador.
— Você pode ter afastado as sombras momentaneamente, mas elas sempre voltarão. O caminho das sombras é eterno, Ethan. Você não pode escapar dele.
Ethan não respondeu, mas sabia o que tinha que fazer. Ele precisava continuar avançando, não apenas pela floresta, mas pela jornada interna que estava se desenrolando dentro dele.
Enquanto a criatura desaparecia na escuridão, ele deu mais um passo em direção ao desconhecido. Sabia que a verdadeira batalha ainda estava por vir.