Ethan acordou em um sobressalto, o coração batendo forte no peito. A clareira, as runas brilhando intensamente e a Guardiã... Tudo parecia tão vívido, como se ele tivesse sido arrancado do lugar onde estava e transportado para outro mundo. Mas quando olhou ao redor, percebeu que ainda estava na floresta. O nevoeiro denso envolvia tudo, e o som da natureza parecia mais distante do que nunca. A sensação de ter sido tocado por algo além da compreensão permanecia em seu corpo, como se cada célula estivesse vibrando em sintonia com a verdade que ele agora carregava.
Ele se levantou com esforço, o corpo tenso, como se estivesse sendo puxado para trás por uma força invisível. Olhou para as mãos, sentindo a energia que ainda parecia percorrer seus dedos, embora de forma mais controlada agora. A visão que a Guardiã lhe proporcionara ainda estava fresca em sua mente: a guerra, a árvore colossal, e a figura encapuzada com a espada flamejante. Tudo isso parecia um presságio, uma advertência de que algo muito grande estava prestes a acontecer.
— Você viu, não é? — a voz da Guardiã soou novamente, mas dessa vez, não era apenas na mente de Ethan. Ela estava ali, diante dele, com seu manto cintilante refletindo a luz da lua. Seu olhar parecia mais profundo, mais sombrio.
Ethan deu um passo para trás, tentando entender o que estava acontecendo.
— O que foi aquilo? — Ele perguntou, sua voz saindo mais rouca do que ele imaginava. — O que eu vi... é real? Isso vai acontecer?
A Guardiã olhou para ele com uma expressão quase imperceptível de tristeza.
— O que você viu é uma possibilidade, Ethan. Um vislumbre do que pode acontecer, mas não é definitivo. O futuro não está escrito em pedra, mas ele está intrinsecamente ligado às escolhas que você fará daqui para frente. — Ela fez uma pausa, como se pesasse cada palavra antes de continuar. — O que você viu é o reflexo do que poderia ser, mas cada ação sua pode alterar esse reflexo, para o bem ou para o mal.
Ethan olhou para ela, confuso e inquieto. Ele sentia o peso da responsabilidade sobre seus ombros, mais pesado do que qualquer carga física.
— Então, o que eu devo fazer? Como saber se estou tomando o caminho certo?
A Guardiã sorriu levemente, como se estivesse tocada pela sinceridade da pergunta dele.
— Não existe um caminho certo ou errado, Ethan. Existem apenas os caminhos que você escolhe trilhar. E cada escolha tem um preço. O futuro que você viu, com a guerra e a destruição, pode ser evitado, mas não sem sacrifícios. A verdade que você carrega agora não é algo que se possa ignorar. Ela mudará tudo. Não apenas para você, mas para todos ao seu redor.
Ethan sentiu um aperto no peito. Ele já sabia que estava em uma jornada que mudaria sua vida para sempre, mas a revelação de que o futuro inteiro dependia de suas decisões... isso o assustava de uma maneira que ele não conseguia descrever.
— O que você está tentando me dizer? — Ele forçou as palavras, tentando se manter firme. — Eu não posso carregar o peso do mundo sozinho.
A Guardiã olhou para ele com um olhar que misturava compaixão e pesar.
— Você não está sozinho, Ethan. Nunca esteve. Mas a verdade é que, para que as coisas mudem, você terá que fazer escolhas difíceis. E a cada escolha, alguém pagará o preço. O que você viu... a guerra que virá... ela não pode ser evitada sem que você abra mão de algo importante. Algo que você ainda não percebeu.
A resposta dela o deixou mais inquieto do que nunca. Ele sentia que estava à beira de algo muito maior do que imaginava. A guerra, a árvore, a espada flamejante... cada um daqueles elementos parecia indicar que ele estava destinado a desempenhar um papel fundamental. Mas qual papel? Ele ainda não sabia.
— O que você quer que eu faça agora? — Ethan perguntou, sentindo que estava perdendo o controle da situação. A tensão estava se acumulando em seu peito, como se algo estivesse prestes a estourar.
A Guardiã deu um passo à frente, sua presença agora mais imponente do que antes.
— Eu não posso dizer exatamente o que você deve fazer. O que posso oferecer é uma escolha. Dentro desta floresta, existe um portal. Ele o levará a um lugar onde as respostas que você procura estão mais claras. Mas lembre-se: o preço do conhecimento é alto, Ethan. Se você atravessar esse portal, não haverá volta.
Ethan olhou para a mulher, com o coração batendo forte no peito. Ele não sabia o que esperar do portal, nem o que mais poderia descobrir, mas uma coisa era certa: ele não podia voltar atrás. Algo dentro dele, algo muito profundo, o empurrava para frente.
— E se eu não quiser atravessar o portal? — Ele perguntou, mais para si mesmo do que para a Guardiã.
— Então você viverá com a incerteza. Mas, lembre-se: a ignorância também tem um preço. E às vezes, a verdade é uma bênção... e uma maldição.
A Guardiã estendeu a mão, e no ar, diante de Ethan, surgiu uma esfera brilhante. Dentro dela, ele viu flashes de momentos futuros: ele lutando, correndo, enfrentando inimigos desconhecidos. Mas havia algo mais, algo que ele não conseguia identificar. Algo que o observava nas sombras.
Ele sabia que estava à beira de algo que mudaria tudo. Não apenas para ele, mas para o mundo inteiro.
— Vá — disse a Guardiã, sua voz suave, mas firme. — A decisão é sua, Ethan. O portal está à sua frente. O que você escolhe?
Ethan deu um último olhar para a Guardiã e, com um suspiro profundo, avançou.