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Chapter 50 - Capítulo 50 – A Escolha da Verdade

A escuridão os envolvia, mas dessa vez, não era a mesma sensação opressiva de antes. A névoa que havia consumido o ambiente agora parecia mais leve, como se o próprio ar estivesse purificado, livre das ilusões anteriores. Ryouma e Tang San estavam de pé, ambos imersos em um silêncio profundo, como se o mundo ao seu redor tivesse desaparecido, deixando apenas o eco de seus pensamentos.

Tang San respirou fundo, seus olhos observando a vastidão que os cercava. O que antes parecia ser um pesadelo se transformou em uma calma inquietante. O Enigma do Destino não era uma batalha física, mas um teste espiritual e mental. Eles haviam chegado até ali não pela força bruta ou pelas habilidades que possuíam, mas pela capacidade de olhar além das aparências e entender o que estava por trás da cortina da realidade.

Ryouma olhou para seu amigo, percebendo que ele também estava refletindo. Ambos haviam superado a ilusão, mas a verdadeira prova ainda os aguardava.

— Você sente isso? — perguntou Ryouma, sua voz quebrando o silêncio tenso. — Não é mais sobre o que vemos. Algo está mudando, algo mais profundo. Estamos prestes a fazer uma escolha.

Tang San não respondeu de imediato, mas sua expressão era grave, e seus olhos pareciam pesados com o peso de uma decisão que estava por vir. Ele sabia que essa jornada estava chegando a um ponto crucial. O que eles estavam prestes a enfrentar não seria apenas um teste de força, mas de caráter, de quem eles realmente eram no fundo de suas almas.

— Sim, eu sinto — respondeu Tang San, a voz firme. — Mas não é apenas uma escolha entre o certo e o errado. É uma escolha entre aquilo que desejamos ser e aquilo que somos de verdade. Esse Enigma do Destino não nos forçará apenas a lutar contra o mundo, mas contra nós mesmos.

As palavras de Tang San ressoaram em Ryouma como uma verdade dolorosa. A batalha que estava por vir não era contra um inimigo físico, mas contra os próprios demônios internos. Eles precisavam se enfrentar, aceitar suas falhas, suas fraquezas, e fazer uma escolha difícil sobre quem queriam se tornar.

O espaço ao redor deles começou a se modificar novamente. As sombras que antes eram indistintas começaram a tomar forma, e figuras sombrias começaram a surgir, flutuando ao redor dos dois jovens. Elas eram como reflexos distorcidos de si mesmos, representações de suas inseguranças, medos e falhas.

Ryouma viu uma figura que parecia com ele, mas a versão distorcida de si mesmo estava envolta em um manto negro, com olhos vazios e uma expressão impassível. Ele se aproximou lentamente da figura, sua aura de poder ressoando no ambiente.

— Então, você finalmente chegou até aqui — disse a figura, com uma voz baixa e grave, como um sussurro no vento. — Você pode ser forte, mas há uma parte de você que nunca será capaz de superar. Você está destinado a fracassar, assim como todos os outros.

A voz era como um veneno infiltrado em sua mente. Ela o fez questionar a si mesmo, a duvidar de tudo o que ele acreditava ser verdade. A figura diante dele representava todos os medos e dúvidas que ele sempre tentou ignorar.

Mas Ryouma não hesitou. Ele sentiu sua energia se concentrar, e uma força crescente o impulsionou para frente. Ele sabia que aquele ser não era real, mas sim uma manifestação de seus próprios medos.

— Não vou ceder a você — disse Ryouma, sua voz firme. — Eu sou mais forte do que as minhas inseguranças. Eu escolho quem eu sou, e não você.

A figura distorcida sorriu, mas não de uma forma amigável. Ela se dissolveu lentamente, deixando para trás apenas uma sensação de vazio.

Ao lado de Ryouma, Tang San estava enfrentando sua própria versão distorcida. A figura à sua frente era uma versão de si mesmo, mas muito mais fria e calculista, com olhos que refletiam uma dor profunda e incompreensível. Era como se o próprio peso de suas escolhas passadas estivesse diante dele, pronto para engolí-lo.

— Você acha que está fazendo o certo? — perguntou a figura, sua voz ecoando com um tom de desprezo. — Você carrega a dor de muitos em seus ombros. E no final, você também será apenas mais uma vítima das suas próprias escolhas.

Tang San, no entanto, não se deixou abalar. Ele conhecia a dor, a perda, e sabia o que significava carregar o peso das próprias decisões. Ele olhou para a versão distorcida de si mesmo e respondeu:

— Eu não sou mais uma vítima. Eu sou responsável pelas minhas escolhas, e por mais que elas me pesem, eu as enfrentarei. Eu escolho lutar por aquilo em que acredito, mesmo que o caminho seja difícil.

A figura de Tang San desapareceu na mesma neblina que surgira, deixando para trás apenas o silêncio e uma sensação de alívio. Os dois estavam de pé, tendo enfrentado seus próprios demônios internos, e agora estavam mais preparados do que nunca para o que viria a seguir.

A cidade ao redor deles começou a se desfazer, as figuras sombrias e as ilusões se dissipando como se fossem fumaça ao vento. Uma luz suave surgiu no horizonte, iluminando o caminho à frente. A verdadeira jornada estava prestes a começar.

No momento em que a última ilusão desapareceu, uma voz ecoou por todo o espaço.

— Vocês passaram no teste — disse a voz, profunda e ressoante. — Mas a verdadeira escolha agora está diante de vocês. O que farão com o que aprenderam?

Ryouma e Tang San se entreolharam. Eles haviam superado a ilusão, enfrentado suas sombras, mas agora precisavam tomar a decisão mais importante de suas vidas. Eles tinham se tornado mais fortes, mais conscientes de suas próprias fraquezas e forças. A jornada deles estava prestes a dar um novo rumo, mas eles sabiam que o que os aguardava não seria fácil.

E foi nesse momento que uma nova verdade foi revelada. A escolha que se apresentava diante deles não era apenas sobre poder ou glória. Era sobre algo mais profundo, mais fundamental. A verdade que eles haviam aprendido estava enraizada nas decisões que tomariam a partir daquele momento.

Eles haviam sido forjados pelo Enigma do Destino, mas o destino, no fim, não era algo predestinado. Ele era algo que cada um escolhia para si mesmo.

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