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Chapter 16 - Capítulo 16 – O Peso do Poder

O sol começava a se pôr, tingindo o céu com tons dourados e rosados, mas Ryouma estava distante das paisagens tranquilas da tarde. Em sua mente, uma batalha mais profunda estava sendo travada. O que fazer agora que tinha tanto poder à sua disposição? E como equilibrá-lo sem sucumbir à corrupção que Lan Mu tão sabiamente lhe advertira?

Lan Mu havia deixado claro que o Desespero Primordial não seria algo fácil de dominar. Mas o próprio Ryouma não estava disposto a se render a uma advertência vaga. Ele queria testar seus limites, desafiar seu próprio corpo e espírito para que, ao final, fosse mais do que uma simples ferramenta nas mãos de forças antigas. Ele queria controle.

A clareira onde estava era deserta, mas a pressão que ele sentia ao redor parecia criar uma energia própria, uma tensão que o envolvia por completo. O vento que antes soprava suavemente agora se tornava uma corrente que fazia as árvores ao redor balançarem com força. O que antes era uma simples brisa agora parecia uma tempestade prestes a se formar.

Ryouma sabia que precisava fazer algo mais. A única maneira de obter controle sobre o Desespero Primordial era treinar seu corpo e sua mente simultaneamente, desafiando-se para suportar o poder sem que ele o destruísse por dentro.

Ele fechou os olhos por um momento e respirou profundamente, buscando seu centro. O sistema, que até então tinha sido uma ferramenta útil, também parecia mais… invasivo. Ele se manifestava cada vez que algo o desafiava, sempre com aquele tom de alerta.

Mas hoje era diferente. Ele não iria mais se esconder atrás das mensagens do sistema.

Ele abriu os olhos, o brilho da determinação fazendo sua visão parecer mais clara do que nunca. A energia espiritual dentro dele estava crescendo novamente, mas dessa vez ele não iria deixar que a pressão o sufocasse.

Sistema:

Alerta: Energia espiritual instável. Sistema em modo de suporte.

Ryouma não respondeu à notificação. Ele focou apenas no sentimento do poder pulsando dentro de si. Quando o Desespero Primordial despertara, a sensação de estar em sintonia com algo maior do que ele tinha sido esmagadora, mas agora ele estava começando a compreender um pouco melhor sua essência.

A energia que emanava dele não era mais uma simples força bruta. Era como se ele estivesse em contato direto com os próprios desejos e medos da alma humana. Tudo o que ele fizera até agora, todas as batalhas que havia enfrentado, pareciam ser apenas ensaios para o que estava prestes a acontecer.

Com um movimento, Ryouma estendeu a mão à sua frente, concentrando-se. A máscara do Desespero Primordial apareceu diante dele, flutuando como uma sombra escura, contorcendo-se com energia. Ele sentiu o poder correndo por suas veias, mas manteve a calma. Não podia deixar-se perder naqueles sentimentos. Não ainda.

Com o espírito tomando forma, ele soube que o verdadeiro desafio não seria controlar a energia. Seria controlar a si mesmo.

Uma explosão de luz dourada surgiu repentinamente, e Ryouma instintivamente se virou. Era a presença de outro espírito.

Xiao Chenyu.

Ele havia seguido Ryouma até ali, como uma sombra, sem fazer barulho. Não havia como negar. Xiao Chenyu tinha pressa. E ele queria saber, finalmente, o quanto de poder Ryouma possuía. O tipo de poder que ele não demonstrara antes.

— Achei que você já tivesse fugido — disse Chenyu com um sorriso zombeteiro, sua espada dourada em mãos, a lâmina irradiando uma luz suave.

Ryouma não respondeu imediatamente, apenas observou Chenyu por um momento, sentindo o calor do poder crescente ao redor do outro. Ele era forte, mas não era o tipo de oponente que o incomodava. Ele não estava ali para vencer Chenyu; estava ali para testar a si mesmo.

— Estou treinando — foi tudo o que Ryouma disse, sua voz fria como o vento que cortava a clareira.

Xiao Chenyu riu baixinho, mas havia uma intensidade perigosa em seus olhos.

— Você acha que eu sou tolo? Vejo como está usando seu poder. Está ficando confortável com isso, não é? Eu sempre soube que você não era só um novato qualquer.

O sorriso zombeteiro desapareceu de seu rosto, substituído por uma expressão de pura concentração.

— Venha então, mostre o que realmente pode fazer — desafiaram-se seus olhos, como se quisesse empurrá-lo para um combate inevitável.

Ryouma observou com atenção, sentindo a energia ao seu redor, mas não se apressou. Ele estava no controle, e não seria movido pela provocação. Com calma, ele ativou o Desespero Primordial, sentindo seu poder ecoar dentro de sua alma. O dragão, seu espírito secundário, permaneceu quieto, aguardando como sempre fazia.

Em um movimento rápido, Xiao Chenyu disparou para frente, a espada dourada cortando o ar com uma velocidade impressionante. Ryouma reagiu quase instintivamente, mas de uma maneira diferente do que ele faria com qualquer outro oponente. Em vez de usar força pura, ele usou a energia da escuridão para desviar do ataque, deixando a espada passar por ele enquanto sua energia espiritual se espalhava pelo ambiente como uma sombra.

— O que foi isso? — Chenyu exclamou, confuso.

Ryouma estava em outro nível. Não apenas em termos de força, mas de controle. Ele sentia como se estivesse brincando com a realidade, manipulando a energia ao seu redor. Ele não usou força para bloquear o ataque de Chenyu. Ele simplesmente deixou a própria energia do Desespero Primordial se espalhar, criando um campo invisível de resistência.

— Isso foi apenas um aviso — Ryouma disse, sua voz agora mais grave, refletindo a profundidade do poder que ele possuía. — Eu não quero lutar com você, Chenyu.

Xiao Chenyu, percebendo a diferença de poder, parou, a expressão em seu rosto uma mistura de frustração e, talvez, uma pitada de respeito.

— Isso… não vai ficar assim — disse ele com um sorriso tenso, recuando lentamente. — Mas por enquanto, vamos deixar essa brincadeira para outro dia.

Ryouma não disse nada, apenas observou enquanto o outro se afastava. Ele sabia que, apesar de sua vitória, havia algo mais acontecendo ali. O poder que ele estava começando a controlar tinha um preço, e ele não poderia se esquecer disso.

Enquanto a figura de Xiao Chenyu desaparecia na floresta, Ryouma se sentiu mais forte, mas também mais consciente das sombras que se estendiam à sua volta. O poder que ele buscava se aproximava cada vez mais, e ele já sabia que, mais cedo ou mais tarde, seria forçado a pagar o preço de sua própria ambição.

E a verdadeira batalha não estava nas lutas com os outros. A batalha estava dentro dele.

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