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Chapter 48 - Capítulo 48 – A Verdade que Rumo à Escuridão

A atmosfera ao redor de Ryouma e Tang San estava densa, como se a própria terra respirasse com o peso daquilo que haviam acabado de enfrentar. O desafio que estavam prestes a enfrentar estava além de qualquer expectativa. Não era uma luta contra um inimigo comum. Era uma guerra silenciosa, travada dentro de suas almas.

A escuridão ao redor deles não cedia, e a sensação de que estavam sendo observados era ainda mais forte. Ryouma olhou para Tang San, que parecia mais sério do que nunca, seus olhos brilhando com uma intensidade rara. Tang San não era um homem que facilmente se abalava, mas algo nas palavras da entidade tocara profundamente em seu espírito. O peso da decisão que se aproximava era mais do que ele poderia imaginar.

— Vamos precisar mais do que força para superar isso — disse Ryouma, a voz baixa, mas cheia de significado. Ele sabia que o maior obstáculo não seria derrotar a próxima criatura ou encontrar um poder escondido. O verdadeiro desafio seria confrontar as verdades que tinham evitado por tanto tempo.

Tang San não respondeu imediatamente. Ele estava imerso em seus próprios pensamentos, lembrando-se das escolhas que fizera até agora. Ele sabia que seu caminho não havia sido fácil, e a cada passo que dava, sentia o peso das decisões passadas. Mas o que a sombra havia dito não saía de sua mente: O Enigma do Destino não era uma questão de poder. Era uma questão de identidade.

— Está certo — respondeu Tang San finalmente, sua voz carregada de reflexão. — Precisamos encarar o que está por trás das nossas escolhas, o que realmente nos motiva a seguir em frente. Não é o poder o que nos torna fortes. É o que fazemos com ele.

O ambiente à sua volta parecia responder às palavras de Tang San, as sombras se agitavam, como se estivessem se rearranjando, ganhando formas mais definidas. Ryouma sentiu algo diferente no ar. Era como se as sombras ao redor deles estivessem prestes a revelar algo, ou talvez… alguém.

De repente, uma figura apareceu diante deles, emergindo das próprias trevas. Era um ser humanoide, mas sua aparência era distorcida, como se tivesse sido moldada pela própria escuridão. Seus olhos eram vazios, sem brilho, e sua presença parecia sufocar a luz ao redor. A figura não dizia uma palavra, mas sua simples presença exalava uma aura de poder e desespero.

A entidade olhou para Ryouma e Tang San, como se estivesse esperando por algo. Ryouma sentiu que o ar ao seu redor se tornava cada vez mais denso. Ele sabia o que aquilo significava.

— Quem é você? — Ryouma perguntou, sua voz firme, apesar da tensão crescente. Ele sentia que aquele ser não era um inimigo comum. Era uma manifestação das próprias sombras que agora os assombravam.

A figura não respondeu imediatamente. Em vez disso, seus olhos vazios pareciam perfurar a alma de Ryouma, como se estivesse escaneando sua essência. Ryouma sentiu sua mente ser invadida, suas próprias memórias e pensamentos se tornando visíveis para a entidade, sem que pudesse fazer nada para impedi-lo.

Foi então que a voz da figura soou, baixa e ameaçadora.

— Eu sou a personificação da dúvida. Sou o reflexo de tudo o que vocês temem, tudo o que escolheram ignorar. Eu sou as sombras do passado que nunca desapareceram, os arrependimentos que ficaram guardados na escuridão. E agora, finalmente, vocês terão que enfrentar a verdade que estão tentando evitar.

A figura deu um passo à frente, e Ryouma sentiu seu coração disparar. A pressão aumentava ainda mais, como se o próprio ar estivesse prestes a esmagá-los.

Tang San, que estava ao lado de Ryouma, deu um passo à frente, seus punhos apertados. Ele já havia enfrentado inimigos poderosos antes, mas o que estava diante deles não era algo que poderia ser derrotado com simples força. Era algo que precisava ser enfrentado com coragem.

— Não podemos fugir de nossas sombras — disse Tang San, sua voz firme e decidida. — Se realmente queremos avançar, precisamos aceitar quem somos. Não podemos mais esconder nossas fraquezas.

A figura sorriu de forma vazia, como se estivesse satisfeita com a resposta de Tang San.

— Aceitar quem vocês são... isso é algo que não é fácil. Muitos que enfrentam o Enigma do Destino não conseguem fazer isso. Eles preferem viver em negação, mantendo-se aprisionados pelas correntes do passado. Mas vocês não têm mais tempo para isso. O futuro que buscam só será alcançado se conseguirem enfrentar as sombras que os assombram.

A entidade avançou, e de repente, Ryouma e Tang San sentiram uma onda de força escura inundando seus corpos. Era como se toda a dor, todo o arrependimento, e todo o medo que haviam acumulado ao longo de suas vidas estivessem sendo liberados, manifestando-se diante deles como uma tempestade de emoções negativas.

Ryouma quase perdeu o equilíbrio diante da intensidade daquela pressão. As memórias de sua vida anterior, suas falhas e os erros que cometeu, começaram a tomar forma diante de seus olhos. Ele via a si mesmo, incapaz de salvar aqueles que amava, ou, em muitas situações, escolhendo o caminho mais fácil, ao invés de enfrentar as dificuldades que realmente importavam.

Era um pesadelo de arrependimento, uma lembrança constante de todas as escolhas que o haviam levado até ali. E, de alguma forma, ele sabia que aquilo não era apenas uma manifestação do que ele temia. Era uma parte de quem ele era.

Ao seu lado, Tang San também estava sendo invadido por suas próprias sombras. Ele viu seus pais, os sacrifícios que fez para chegar onde estava, e as escolhas difíceis que teve de tomar, muitas vezes ignorando os sentimentos dos outros em nome do poder e da sobrevivência.

Ele viu a dor que causou a Xiao Wu, a luta constante com sua própria humanidade, e as mentiras que ele mesmo se contou para justificar suas ações.

A entidade parecia absorver essas emoções, sua forma se distorcendo ainda mais enquanto falava.

— O que escolherão? Fugir para sempre ou enfrentar as sombras e caminhar em direção à luz? O Enigma do Destino só pode ser resolvido quando aceitarem a verdade de quem são. Só então poderão dar o próximo passo em sua jornada.

Ryouma, sentindo a pressão das sombras se intensificar, fechou os olhos e respirou fundo. Ele sabia que não poderia permitir que isso o dominasse. Ele havia enfrentado inimigos poderosos antes, mas nada o havia preparado para enfrentar a verdade de sua própria alma.

Tang San, ao seu lado, parecia igualmente determinado. Ele sabia que seu caminho até ali não havia sido fácil, e não seria resolvido com um simples golpe de força. Ele precisava aceitar suas falhas, seus erros, e tudo o que o havia moldado até aquele momento.

— Não fugiremos — disse Ryouma, a voz firme, enquanto abria os olhos, encarando a entidade. — Aceitaremos nossas sombras e avançaremos.

Tang San fez o mesmo, olhando para a figura sombria com um olhar decidido.

— O sacrifício será feito. Mas o futuro não será determinado pelas sombras. Será definido pelas nossas ações daqui em diante.

A entidade pareceu desaparecer diante de suas palavras, como se fosse absorvida pela luz de suas resoluções. A pressão no ar cedeu, e a escuridão ao seu redor começou a dissipar.

Mas o desafio ainda não havia terminado. Eles haviam enfrentado suas sombras, mas o Enigma do Destino continuava a se desdobrar diante deles.

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