O ar estava pesado com a energia que emanava de Daelus, uma figura radiante e sombria ao mesmo tempo, que parecia estar além da compreensão humana. Ryouma sentiu um calafrio percorrer sua espinha, mas não se deixou abalar. O Juízo estava diante dele, a manifestação do poder que ele havia abraçado e, mais importante, o responsável por sua transformação. Era a hora de testar seu verdadeiro limite.
A energia de Daelus começou a se expandir, envolta em uma luz cegante, mas havia algo mais ali. A essência do Juízo não era só pura energia. Ela tinha algo de mais profundo, algo que tocava a alma de Ryouma, como se fosse um reflexo da própria natureza do destino.
— O que você realmente busca, Ryouma? — a voz de Daelus ecoou, profunda e ressoante. Era uma voz que fazia com que o mundo ao redor parecesse se dobrar.
Ryouma não respondeu imediatamente. A pergunta não era nova para ele. Ele sabia o que buscava: mais poder, mais controle, uma chance de mudar sua própria existência e até o destino de todos ao seu redor. Mas agora, com a presença de Daelus, uma nova dúvida começou a surgir. O que realmente aconteceria se ele seguisse esse caminho até o fim?
— O que você me oferece? — Ryouma finalmente perguntou, a voz firme, mas com uma leve tensão. Ele não sabia exatamente o que Daelus era capaz de fazer, mas sua curiosidade e necessidade de respostas o impulsionavam.
Daelus sorriu enigmaticamente, e a luz ao seu redor pareceu intensificar ainda mais. — Eu não ofereço nada, Ryouma. Eu sou o Julgamento. Eu sou a prova final. O que você deseja não é algo que eu possa dar. O que você busca, você terá que conquistar por si mesmo. Mas a verdadeira questão é: você está disposto a pagar o preço por isso?
A luz ao redor de Daelus se intensificou ainda mais, e Ryouma sentiu como se estivesse sendo envolvido em uma pressão esmagadora. A sensação de ser observado, avaliado, foi quase insuportável. Ele sentia que o Juízo não apenas estava testando sua força, mas sua determinação, seu caráter, e até mesmo sua humanidade.
Ryouma respirou fundo e deu um passo à frente, seus olhos ardendo com a mesma chama que queimava em seu peito. — Eu estou disposto a pagar qualquer preço. Eu não tenho mais nada a perder.
O sorriso de Daelus se alargou. — Muito bem. Então, que comece o Julgamento. Mas lembre-se, Ryouma, o destino é implacável. Não há como voltar atrás depois que você entra na arena do Juízo.
E com essas palavras, Daelus estendeu uma mão para o céu, como se chamasse o próprio cosmos. O espaço ao redor de Ryouma começou a distorcer, e a realidade parecia se fragmentar, formando uma arena gigantesca, uma arena de pura energia e poder. Cada célula de seu corpo sentia o peso daquela presença, a pressão da escolha final que ele havia feito.
No centro da arena, uma figura apareceu. Era ele — um reflexo de Ryouma, mas não exatamente como ele. A figura estava envolta em sombras, como se fosse uma versão corrompida e desfigurada de si mesmo, uma versão do futuro que poderia se tornar se continuasse pelo caminho do Juízo. Ele sabia o que isso significava. Era uma visão de tudo o que ele poderia perder, uma projeção de suas próprias falhas e medos.
— Esta é a sua verdadeira prova, Ryouma. Você será forçado a confrontar a si mesmo, seus próprios limites, seus próprios desejos mais profundos. A sombra que você vê diante de si é o que você pode se tornar se não controlar o poder que busca. — A voz de Daelus ecoou novamente, mas desta vez, havia um tom de advertência.
Ryouma encarou a figura sombria que se formava diante dele. Ele sentiu um arrepio de desconforto, mas não recuou. Ele já sabia o que aquilo significava. Era o reflexo de suas próprias inseguranças, sua obsessão pelo poder, sua capacidade de se perder na busca por controle.
— Então, venha — disse Ryouma, seus olhos brilhando com determinação. — Eu não me importo com o que essa sombra represente. Eu sou o que escolho ser, e não o que o destino ou qualquer outra força diz que devo ser.
Com um movimento brusco, a figura sombria avançou, e a arena se encheu de uma energia maligna. Ryouma se preparou, seus músculos tensos, seus sentidos aguçados. Ele estava mais do que pronto para enfrentar essa projeção de seu próprio medo.
O confronto foi imediato. Ryouma e a sombra se atacaram com uma velocidade impressionante. As lâminas de energia que emanavam dos dois eram quase idênticas, mas a sombra parecia ter um controle total sobre o poder sombrio que se manifestava. A batalha era feroz, uma luta entre o que Ryouma era e o que ele temia se tornar.
Cada golpe que ele desferia era respondido com a mesma intensidade pela sombra. Era como se ele estivesse lutando contra uma parte de si mesmo que conhecia todos os seus pontos fracos, todos os seus medos, todas as suas falhas.
Ryouma sentiu a tensão crescer. Ele estava lutando contra uma versão de si mesmo que possuía tudo o que ele queria, mas ao mesmo tempo, algo o incomodava. Ele estava começando a perceber que a luta não era apenas física. Era uma batalha interna, uma luta contra suas próprias fraquezas.
Ele parou por um momento, respirando pesadamente, enquanto a sombra continuava a avançar. Seus olhos brilharam com a luz do Juízo, e ele se concentrou. Ele não estava mais lutando apenas para vencer. Ele estava lutando para entender o que aquela sombra representava.
— Eu não sou isso — ele murmurou para si mesmo. — Eu não sou essa versão corrompida de mim. Eu sou mais do que isso.
Com essas palavras, ele liberou toda a energia que estava concentrada dentro de si, canalizando seu poder de uma forma que nunca havia feito antes. O choque de poder foi tão intenso que a arena ao redor deles pareceu estremecer. A sombra, ao ver a luz de Ryouma, recuou, hesitando por um momento.
Era um momento crucial. O poder que Ryouma liberava não era apenas força bruta. Era o poder da sua verdadeira essência, o poder de sua própria escolha.
A sombra se dissipou diante dele, dissolvendo-se em uma explosão de luz e escuridão.
— Você passou — a voz de Daelus disse, suave, mas cheia de poder. — O Julgamento não é apenas sobre o poder físico. Ele é sobre o que você é capaz de fazer com o poder que possui. E você demonstrou que, apesar de suas falhas, você ainda possui a força para escolher quem você será.
Ryouma caiu de joelhos, exausto, mas aliviado. Ele havia vencido, não apenas o inimigo diante dele, mas também as sombras dentro de si. Ele havia conquistado a vitória mais importante: o direito de decidir seu próprio destino.
A arena começou a desaparecer, e o mundo ao seu redor voltou ao normal. Mas Ryouma sabia que a verdadeira batalha estava apenas começando.