Ryouma estava em um estado de alerta absoluto, seus sentidos aguçados a cada som e movimento no vasto campo onde o labirinto de sombras se desfez ao seu redor. A presença do Rei Quebrado era opressiva, como se o próprio espaço fosse dilacerado pela força dessa figura.
Ele sabia que o que estava prestes a acontecer não era apenas uma batalha física, mas uma luta contra seu próprio destino, contra as escolhas que havia feito até agora. A sombra do Rei Quebrado não era uma mera figura; era um reflexo de tudo o que Ryouma poderia ser, ou tudo o que ele temia se tornar.
A figura diante dele parecia flutuar, seu corpo feito de escuridão e luz entrelaçadas, um paradoxo vivo. Seus olhos eram como abismos, absorvendo tudo à sua volta. A aura de poder era esmagadora, e o chão sob os pés de Ryouma tremeria como se o próprio universo estivesse prestes a desabar.
"Você chegou até aqui, Ryouma", disse a voz do Rei Quebrado, profunda e imortal. "Mas isso não significa que você está preparado. O que você busca está além de sua compreensão. E, por mais que lute, há algo dentro de você que não pode ser apagado."
Ryouma não respondeu imediatamente. Ele estava em silêncio, tentando compreender a profundidade das palavras do Rei Quebrado. Ele sabia que enfrentava mais do que uma simples batalha de poder. Estava lidando com uma essência de sua própria alma, com as ramificações de suas escolhas e do que o destino lhe reservava.
"Você foi escolhido, Ryouma", continuou a voz. "O Arquivo Proibido, o poder do Sistema, tudo isso não são meras coincidências. Você foi marcado. Cada passo seu até agora foi parte de um grande plano, um plano do qual você é tanto parte quanto prisioneiro."
Ryouma não cedeu à pressão, sua expressão impassível. Ele já tinha passado por coisas maiores, mais difíceis, e sua determinação não vacilaria diante da presença do Rei Quebrado. Seus espíritos marciais se materializaram ao seu lado, prontificando-se para a batalha. O leão dourado, sua força bruta, e a figura etérea da serpente, representando sua astúcia, estavam ao seu lado.
"Eu não sou seu brinquedo", disse Ryouma, com firmeza. "O que quer que seja esse destino que você menciona, eu escolho meu caminho. Não importa o que você diga, eu não vou ser definido por algo que não entendo."
O Rei Quebrado riu, um som baixo e ressoante, cheio de desdém.
"Você ainda não entende, não é? Não sou eu quem decide seu destino, Ryouma. Você já fez isso ao escolher entrar no labirinto. Agora, você enfrentará as consequências."
A figura do Rei Quebrado levantou a mão, e com um gesto simples, uma onda de energia esmagadora foi disparada em direção a Ryouma. Ele teve pouco tempo para reagir, mas, com a força de sua vontade, levantou sua mão direita, canalizando a energia acumulada em seu corpo.
O impacto foi como uma explosão, e Ryouma foi lançado para trás, seu corpo sendo atropelado pela força da energia do Rei Quebrado. Mas ele não caiu. Seus pés tocavam o chão, e ele se reerguia, respirando pesadamente, mas firme.
"Eu já vi meu corpo ser destruído antes", pensou Ryouma, "mas nunca deixei que isso me definisse. Eu sou mais do que minhas cicatrizes."
Ele canalizou o poder de seus espíritos marciais. A serpente e o leão dourado se fundiram, seus poderes combinando para formar uma força híbrida que impulsionou Ryouma a se lançar de volta contra o Rei Quebrado com uma velocidade impressionante.
O impacto da colisão foi ensurdecedor, e uma onda de energia se espalhou pelo campo. Ryouma sentiu a resistência do Rei Quebrado, como se estivesse lutando contra um monólito de poder absoluto. Mas ele não recuou. Cada golpe que ele desferia era mais forte, mais certeiro, mais determinado.
O Rei Quebrado, no entanto, parecia imperturbável, absorvendo os ataques com uma calma inquietante. Seu corpo de sombras se deformava e se regenerava, cada golpe aparentemente sem efeito.
"Você é forte, Ryouma", disse o Rei Quebrado, sua voz agora mais séria, como se estivesse testando a determinação do protagonista. "Mas a verdadeira batalha não é contra mim. A verdadeira batalha é contra você mesmo. Você está lutando contra sua própria essência, contra a força que o trouxe até aqui."
Ryouma parou por um momento, sua mente processando as palavras do Rei Quebrado. Ele sentia que havia algo mais profundo sendo revelado, algo que ele ainda não compreendia completamente. Era como se a batalha fosse uma metáfora para sua jornada interna. Cada golpe que ele dava não era apenas contra o Rei Quebrado, mas contra os próprios medos, arrependimentos e dúvidas que o assombravam.
"Eu não vou ceder", Ryouma disse, com uma intensidade renovada. Ele focou sua energia, usando todo o poder de seus espíritos marciais, e lançou um ataque final contra o Rei Quebrado. Uma esfera de energia se formou diante dele, mais pura e concentrada do que qualquer outra coisa que ele já tinha gerado.
O Rei Quebrado observou o ataque se aproximar, mas não se moveu. Sua expressão era inexpressiva, mas seus olhos brilhavam com um poder que parecia observar cada movimento de Ryouma.
Quando a esfera de energia colidiu com o Rei Quebrado, houve uma explosão de luz e sombras, e por um breve momento, tudo ficou quieto. Ryouma estava exausto, sua energia quase esgotada, mas ele não podia se permitir desistir.
O Rei Quebrado surgiu novamente diante dele, mas agora, sua figura estava enfraquecida. A batalha não estava decidida, mas Ryouma sentia que estava chegando perto de um ponto crucial. Ele havia tocado o âmago do conflito, e agora, ele precisaria fazer a escolha definitiva.
O que ele queria ser? O que ele deveria se tornar?
"Você... não é mais o mesmo", disse o Rei Quebrado, sua voz agora mais baixa, quase respeitosa. "Você passou por tudo isso e não se quebrou. Eu subestimei você, Ryouma."
Ryouma olhou diretamente para o Rei Quebrado, sua respiração pesada, mas sua postura firme.
"Eu escolho minha verdade", disse ele. "E eu escolho não ser definido pelo que você representa."
A luz da batalha se intensificou ao redor deles. Eles estavam prestes a entrar na fase final da luta, onde as escolhas de Ryouma se tornariam mais do que palavras.
Era hora de encarar seu verdadeiro destino.