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Chapter 67 - Sementes de Luz nas terras baixas.

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Capítulo – Sementes de Luz nas Terras Baixas

– Biblioteca de Cristal (Porta Escondida)

Nos dias seguintes, Tharion começou a usar com frequência a porta secreta da biblioteca — um arco de cristal engastado com raízes vivas da Árvore da Vida, ativado por uma combinação de palavras em grego antigo e o toque da pedra de argamantta. A biblioteca parecia saber que ele vinha com boas intenções. Do outro lado, o Erudito sempre o esperava já com chá fervendo e mapas desdobrados.

— Precisamos dividir as zonas. Se criarmos hortas elevadas com fertilização natural… coelhos, claro... e canaletas com as pedras de irrigação da casta aquática... — disse Aelys, apontando para a planta de uma vila.

— E o problema com os desaparecimentos? — Tharion perguntou, enquanto desenhava rotas com carvão. — Os guardas dizem que algumas crianças somem à noite, como se fossem sugadas pelo vento.

— Isso não é vento. — murmurou o Erudito, sério pela primeira vez. — É "Eru'el", a fome dos campos mortos. Alguém a está acordando. E se está levando crianças… é porque quer alimentar algo maior.

Tharion se enrijeceu. Seu olhar caiu sobre a parte do mapa marcada com um círculo vermelho. Ali, perto das minas abandonadas, três vilas tinham sido evacuadas.

— Eu vou lá. Com um grupo de confiança. Vocês continuam aqui. E se algo mudar, qualquer coisa, me avisem pela via da luz. — apontou para o feixe que conectava a biblioteca à Árvore da Vida.

Vila dos olhos secos ( terras baixas).

A vila estava morta. Silêncio demais, frio demais para a estação. Os galhos das árvores se contorciam como se quisessem fugir. Tharion caminhava com cautela entre as casas, acompanhado de três batedores e um velho rastreador jeangle.

— Alguma coisa tocou o solo aqui… — o velho sussurrou. — Mas não deixou pegadas.

Subitamente, o chão tremeu. Não um terremoto — mas um soluço da terra. Uma rachadura abriu-se não muito longe dali, e uma canção baixa, quase infantil, ecoou de dentro.

Tharion avançou até a borda, onde um pedaço de pano pendia de uma raiz retorcida.

— Isso é um vestido de criança. — murmurou. — Eles estão debaixo de nós.

– Biblioteca de Cristal (Mais Tarde).

Tharion retornou ao fim do dia. As olheiras profundas denunciavam o cansaço. Mas assim que atravessou a porta, Titos correu até ele com seu "chá invisível" e uma folha na cabeça, fingindo ser um elfo da floresta.

— Missão cumprida, papai? — perguntou, sério.

Tharion sorriu, tocando-lhe a cabeça.

— Ainda não, guerreiro. Mas estamos perto.

– Quarto de Kátyra

Tharion encontrou Kátyra deitada com Liora adormecida ao lado. Ela abriu os olhos quando ele se aproximou.

— Alguma notícia?

Ele hesitou. Sentou-se e pegou-lhe a mão.

— Os desaparecimentos são reais. Estão acontecendo… embaixo da terra. Algo antigo. Fome e sombras. Eu estou lidando com isso. Você… você precisa ficar.

Ela olhou para ele, firme.

— Me prometa que não vai sozinho.

Tharion apertou a mão dela com suavidade.

— Prometo. Mas você tem que prometer que vai descansar. E cuidar dos nossos filhos. Titos está convencido de que sou o rei dos coelhos.

Kátyra deu uma risada baixa, puxou o lençol até o queixo e assentiu.

— Então… tudo bem. Mas me traga novidades. E chá.

Ele riu, beijando sua testa.

— Invisível ou real?

— Surpreenda-me.

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