A névoa matinal ainda dançava sobre as águas do País das Ondas quando o Time Kakashi, a exceção de um Naruto exausto, o sono pesado ainda o prendendo após o despertar de sua nova linhagem sanguínea, escoltava Tazuna em direção à imponente ponte. A estrutura, quase completa, erguia-se como um farol de esperança, mas agora se tornava um palco de potencial conflito. No local de trabalho, a aura gélida inconfundível de Zabuza e a presença silenciosa, quase espectral, de Haku anunciavam um confronto iminente, um segundo round carregado de tensão.
Longe dali, enquanto os primeiros golpes ecoavam na ponte, a sombra insidiosa de Gatoh estendia seus tentáculos de ganância. Dois de seus capangas, rostos marcados pela brutalidade e intenções sombrias, invadiram a humilde residência de Tazuna com a missão nefasta de sequestrar Tsunami. A esperança de usar a matriarca como moeda de troca para esmagar a resistência do construtor pairava no ar denso. Foi então que Inari, o garoto antes consumido pelo medo, encontrou uma inesperada centelha de coragem. Tremendo por dentro, mas com uma postura surpreendentemente firme, ele se interpôs entre os bandidos e sua mãe, uma pequena barreira que, inesperadamente, criou a brecha para um Naruto sonolento, mas com uma determinação feroz estampada no rosto, surgir e subjugá-los com uma fúria contida. Antes de correr para se juntar aos seus companheiros na ponte, um pedido de desculpas sincero, carregado de um reconhecimento tácito da bravura que ele outrora questionara no coração de Inari, escapou dos lábios de Naruto.
Na ponte, a atmosfera era carregada de eletricidade. Sasuke e Sakura, posicionados como sentinelas vigilantes ao redor de Tazuna, observavam a névoa se adensar, engolindo a paisagem. Zabuza, com um aceno displicente de Kubikiribōchō, lançou uma torrente de clones de água em direção a Sasuke. A velocidade recém-descoberta do Uchiha, talvez um eco sutil das capacidades aprimoradas que Rick imaginara para ele, permitiu que ele dissipasse as figuras aquáticas com uma precisão surpreendente, seus movimentos rápidos e calculados. Mas a breve calmaria foi efêmera. Haku, movendo-se com uma graça etérea, quase sobrenatural, envolveu Sasuke em sua técnica mortal, os Espelhos Demoníacos de Cristais de Gelo, aprisionando o jovem ninja em um labirinto cintilante de gelo afiado.
Finalmente, Naruto alcançou a ponte, o cansaço ainda pairando em seus ombros, mas uma determinação incandescente queimando em seus olhos azuis. A cena que o recebeu era alarmante: Sasuke lutava desesperadamente contra a velocidade implacável de Haku, agora confinado dentro da prisão de gelo. Kakashi, seus movimentos rápidos e precisos, estava engajado em um duelo mortal com Zabuza, as lâminas colidindo em faíscas, enquanto Sakura permanecia vigilante ao lado de Tazuna, pronta para qualquer ameaça que emergisse da névoa.
A voz calma, porém tensa, de Kakashi cortou o ar gélido. "Sasuke, continue atacando os espelhos por dentro! Naruto, você ataca por fora!" Mas a impetuosidade juvenil de Naruto falou mais alto que a estratégia cautelosa. Em um movimento arriscado, ele irrompeu para dentro da técnica de Haku, sua voz ecoando dentro da prisão de gelo: "Eu vim te ajudar, Sasuke!" A exasperação de Sasuke era palpável, um misto de raiva e preocupação. "Seu idiota! Agora nós dois estamos presos!" Após um breve e acalorado debate, a urgência da situação superou a frustração, e ambos concordaram em lutar em sincronia. Haku, sua voz carregada de uma tristeza resignada, revelou que não apreciava tirar vidas, mas o faria sem hesitação se fosse necessário para proteger Zabuza. A luta se intensificou dentro da gaiola de gelo. Os clones das sombras de Naruto provaram ser inúteis contra a velocidade superior de Haku, e o Estilo Fogo: Técnica da Grande Bola de Fogo de Sasuke encontrou uma barreira gelada intransponível.
Foi então que uma faísca de lembrança acendeu nos olhos de Naruto. A técnica incomum que ele estivera aperfeiçoando instintivamente na noite anterior, um subproduto inesperado da energia latente de sua nova linhagem sanguínea, poderia ser a chave para romper o impasse. Concentrando seu chakra com uma intensidade inédita, ele o moldou em palavras flamejantes, um grande texto incandescente que culminava em um poderoso Kanji para fogo. A inscrição brilhante disparou em direção aos espelhos de gelo, impactando-os com uma força explosiva e destruindo-os completamente. As chamas que envolviam o ataque não eram comuns; possuíam uma tonalidade vermelho-alaranjada vibrante, quase solar, um prenúncio do poder ocular que Rick havia lhe concedido.
Enquanto isso, Kakashi revelou seu Sharingan para Zabuza mais uma vez, a íris vermelha girando com seus padrões hipnóticos, buscando prever os movimentos do espadachim. Mas o demônio da névoa zombou, sua voz ecoando friamente. "Não serei enganado pela mesma técnica duas vezes, Kakashi." Ele explicou com um tom de triunfo que Haku, com sua observação perspicaz e habilidades únicas, havia analisado os padrões do Sharingan e descoberto uma forma de neutralizá-lo, uma técnica que, segundo Zabuza, superava até mesmo sua própria maestria na arte do assassinato silencioso. Dentro dos destroços dos Espelhos Demoníacos de Cristais de Gelo, Naruto e Sasuke continuavam a lutar contra a velocidade vertiginosa de Haku. Sasuke, observando atentamente os movimentos fluidos do adversário enquanto ele desviava dos clones residuais de Naruto, tentou novamente o Estilo Fogo: Técnica da Grande Bola de Fogo, conseguindo chamuscar as vestes de Haku, expondo momentaneamente sua vulnerabilidade. Mas o jovem mascarado reafirmou a resistência superior de seu gelo. Foi nesse instante que a técnica incomum de Naruto, as letras flamejantes dançando no ar, deixou tanto Kakashi quanto Zabuza momentaneamente atônitos, suas estratégias e conhecimentos ninjas postos em xeque por algo tão inesperado.
Zabuza foi o primeiro a se recuperar do choque, sua raiva borbulhando. Com um resmungo gutural, ele executou a Técnica de Ocultação na Névoa, o denso véu branco engolindo a ponte, anulando completamente a visão do Sharingan de Kakashi. "A próxima vez que você me vir, Kakashi," sua voz ecoou fantasmagórica na névoa opaca, "será a sua última." E com essas palavras sinistras, ele desapareceu, deixando Kakashi em um mar branco e impenetrável, incapaz de antecipar o ataque iminente. A mente analítica de Kakashi rapidamente processou a situação. O alvo mais provável de Zabuza, na sua cegueira induzida, seriam aqueles que ele podia sentir mais próximos através de seus sentidos aguçados: Tazuna e Sakura. Sem hesitar, ele correu para interceptar o ataque invisível. No instante seguinte, o som cortante do aço rasgou o ar, seguido por um grito agudo e aterrorizado que ecoou na névoa: Sakura.
Sasuke, seu corpo agora pontilhado por diversas agulhas senbon de Haku, parecia um boneco de alfinetes, cada ferimento atestando a velocidade implacável do garoto mascarado. Com um grunhido de dor e uma determinação teimosa, ele começou a extrair as agulhas finas, sua mente ainda processando a estranha e poderosa técnica de Naruto. Mesmo com seu Sharingan recém-despertado, ele não conseguira replicar aquelas letras flamejantes. Precisava entender o que estava acontecendo com o Uzumaki assim que essa batalha terminasse, a curiosidade e uma ponta de inveja competindo em seus pensamentos. Ativando seu Sharingan, seus olhos vermelhos buscando freneticamente rastrear os movimentos incrivelmente rápidos de Haku, ele viu Naruto, teimosamente negando a velocidade do inimigo, cambalear, visivelmente exausto. O excesso de uso dos clones das sombras, e não sua nova técnica, havia drenado seu chakra perigosamente. Haku, percebendo a vulnerabilidade de Naruto e a crescente ameaça de um Sasuke furioso, redirecionou seu ataque. As agulhas senbon voaram em direção ao garoto loiro, mas no instante seguinte, Sasuke se moveu instintivamente, seu corpo interceptando a chuva de aço para proteger seu companheiro de equipe, um ato de proteção que surpreendeu até mesmo a si mesmo. Naruto acordou com um sobressalto, a visão de Sasuke parado à sua frente, o corpo crivado de agulhas, gravando-se em sua mente como uma cicatriz indelével. O choque inicial se transformou em terror gelado ao pegar o corpo inerte de Sasuke, o sangue quente manchando suas mãos. Acreditando que seu rival, seu companheiro de equipe, havia morrido em seus braços, uma fúria primordial, bestial, acendeu-se em Naruto. Inconscientemente, o selo que aprisionava o chakra da Raposa Demônio de Nove Caudas enfraqueceu, liberando uma torrente de energia vermelha e visceral que o envolvia como uma aura incandescente. Haku, observando a transformação grotesca, duvidou que qualquer poder terreno pudesse curar ferimentos tão graves. Mas no instante seguinte, uma onda de chakra bruto e incontrolável emanou de Naruto, varrendo os destroços dos Espelhos Demoníacos de Cristais de Gelo, que se dissiparam como vidro estilhaçado sob um impacto colossal.
A raiva de Naruto era palpável, o chakra da Kyuubi dançando ao seu redor como chamas infernais. Haku observou, perplexo, que aquele chakra não era o tipo sutil e invisível que ele conhecia; era denso, visível, quase tangível, uma força bruta e primária. Consumido pela dor lancinante e pela fúria cega da aparente "morte" de Sasuke, o selo dentro de Naruto cedeu ainda mais. Uma nova onda de poder surgiu, e as feridas de Naruto cicatrizaram em um instante, a energia da Kyuubi regenerando seu corpo a uma velocidade assustadora. Mas a mudança não parou por aí. Em seu olho esquerdo, ao lado do magatama vermelho flamejante, um segundo magatama apareceu, irradiando um brilho terroso e profundo, como a própria terra. No mesmo instante, Naruto sentiu uma conexão inexplicável com o solo sob seus pés, uma ressonância com a própria essência da terra. Sem hesitar, ele começou a criar terra do nada, manipulando a rocha e o solo ao seu redor com uma maestria instintiva, lançando um ataque brutal contra Haku, desviando das agulhas senbon restantes com ondas de chakra puro e denso. Haku tentou desesperadamente evocar seus espelhos de gelo para escapar da fúria avassaladora de Naruto, mas uma parede de terra maciça e intransponível surgiu do chão, bloqueando seu caminho. Então, um braço de chakra vermelho, movendo-se com a velocidade e a força da Nove Caudas, agarrou seu braço com uma força implacável, esmagando seus ossos.
Enquanto isso, a batalha invisível entre Zabuza e Kakashi continuava envolta na névoa densa e traiçoeira. Kakashi sentiu um alívio momentâneo ao perceber que o selo da Nove Caudas havia apenas enfraquecido, liberando uma porção limitada do chakra da raposa, o que significava que Naruto ainda estava sob controle. Ele decidiu que era hora de encerrar esse confronto rapidamente, antes que a situação se tornasse ainda mais caótica. A voz de Zabuza ecoou na névoa, carregada de escárnio: "Como pretende me derrotar, Kakashi? Você nem sequer consegue me ver." A única resposta de Kakashi foi a súbita retirada de um pergaminho de seu coldre, seus dedos ágeis realizando selos rápidos e silenciosos.
Naruto, com o braço de Haku firmemente preso em sua garra de chakra vermelho, desferiu um soco poderoso com a outra mão, arremessando o jovem através de um dos espelhos de gelo remanescentes, destruindo-o no impacto. Sem hesitar, Naruto correu atrás de Haku, pronto para outro golpe devastador, sua raiva ainda fervilhando. Mas naquele instante, a máscara de porcelana que escondia o rosto de Haku se estilhaçou, revelando o menino de traços delicados e olhar melancólico que Naruto havia encontrado na floresta. A visão inesperada fez com que o punho de Naruto paralisasse no ar, a fúria dando lugar a uma confusão repentina. Haku, seu rosto agora vulnerável e triste, pediu a Naruto que o matasse. Ele não era mais útil para Zabuza, nada mais que uma ferramenta quebrada e descartável. Então, com uma voz suave e resignada, ele começou a contar sua história: o nascimento em uma pequena aldeia assolada pelo preconceito, o amor fugaz de seus pais em um mundo intolerante. Naquela época sombria, qualquer um com uma Kekkei Genkai era temido e perseguido. Ainda criança, Haku descobriu seu legado materno, a linhagem de gelo. Infelizmente, seu pai descobriu o segredo aterrorizante e, em um acesso de fúria cega, assassinou sua esposa. No momento em que a lâmina se ergueu para tirar a vida de Haku também, seus poderes latentes despertaram violentamente, resultando na morte trágica de seu próprio pai. Pouco tempo depois, Zabuza o encontrou, um órfão solitário e assustado, e o acolheu, treinando-o nas artes ninjas, moldando-o na arma leal que ele se tornara.
Finalmente, Kakashi ativou o pergaminho que havia sacado, liberando a Invocação: Estilo Terra: Técnica de Perseguição de Garras. Uma matilha de cães ninjas com faro apurado surgiu na névoa espessa, seus focinhos farejando o ar, suas patas cavando o solo em busca do rastro inconfundível de Zabuza. Kakashi revelou com um tom gélido que, mesmo cego pela névoa traiçoeira, ele seria capaz de seguir o cheiro distinto de Zabuza. Ele havia permitido que o espadachim o ferisse anteriormente, garantindo que Zabuza estivesse coberto com seu sangue, tornando-o um alvo muito mais fácil de rastrear para seus cães farejadores. Então, com uma determinação fria e implacável, Kakashi anunciou que derrotaria Zabuza com sua primeira e única técnica original, o raio que corta a escuridão: o Raikiri.
Haku continuava a implorar para que Naruto o libertasse de seu sofrimento, para que ele o matasse. Após um momento de hesitação visível, Naruto finalmente concordou, mas não sem antes murmurar, com uma tristeza genuína em seus olhos, que em outras circunstâncias, em um mundo menos cruel, eles poderiam ter sido amigos. Um agradecimento silencioso, quase inaudível, escapou dos lábios pálidos de Haku enquanto Naruto desembainhava sua kunai, a lâmina fria brilhando sob a luz fraca que penetrava a névoa. No instante em que a lâmina estava prestes a cair, Haku sentiu uma onda repentina de perigo intenso emanando de Zabuza, uma intenção assassina direcionada a Kakashi.
Enquanto isso, na vila costeira, Inari corria de porta em porta, sua voz infantil ecoando pelas ruas do País das Ondas, implorando aos moradores que se unissem para defender Tazuna e a ponte, o símbolo de sua esperança renascida. Para sua amarga decepção, o medo paralisava os corações dos adultos, suas lembranças da tirania de Gatoh ainda muito vívidas. Mas a determinação inabalável de Inari não vacilava. Ele estava disposto a ir sozinho para a ponte, se necessário, sua pequena figura imbuída de uma coragem surpreendente.
De volta à ponte, Kakashi havia imobilizado Zabuza com seus cães ninjas, suas presas firmemente agarradas aos membros do espadachim, o Raikiri crepitando com energia azul em sua mão, pronto para o golpe final. Haku, derrotado por Naruto e aparentemente sem um propósito além de servir Zabuza, implorava por sua morte, buscando a libertação de seu sofrimento. Naruto, confuso e perturbado com a ideia de que um shinobi fosse meramente uma ferramenta descartável, tentou dissuadi-lo, argumentando que havia mais valor em sua vida. Mas Haku estava resignado, sua voz um sussurro de desespero. Com um último suspiro, ele murmurou que talvez, em outro mundo, eles pudessem ter sido amigos, e Naruto avançou com a kunai. No entanto, o instinto de proteger aquele que lhe dera um propósito, aquele que o havia tirado da escuridão, superou seu desejo de morrer. Com um último esforço, Haku se moveu, bloqueando o ataque de Naruto. Declarando com uma resolução surpreendente que ainda não estava pronto para partir, ele correu para o lado de Zabuza, chegando a tempo de se colocar na frente do Raikiri mortal de Kakashi. Mas no mesmo instante, o Olho Celestial de Naruto brilhou novamente, os dois magatamas agora pulsando com energia. Utilizando uma nova habilidade instintiva, o "Solar Step", ele se moveu com uma velocidade surpreendente, obscurecendo sua forma em um breve borrão de luz, e manifestou outra habilidade ocular, a "Blazing Gauntlet", uma manopla de energia flamejante que se materializou em seu braço esquerdo, interceptando o Raikiri de Kakashi com um impacto explosivo. "Acho que temos companhia," Naruto alertou, sua voz agora carregada de um tom urgente, fazendo com que todos se voltassem para a extremidade da ponte. As chamas de sua manopla transformaram-se em um verde vibrante, e uma onda de energia curativa emanou delas, envolvendo seus aliados, Sasuke e Sakura, em um brilho reconfortante.
Naquele exato momento, uma figura elegante surgiu na névoa remanescente, sua presença exalando uma aura de poder e autoridade. Era uma mulher de beleza marcante, com longos cabelos ruivos presos de forma peculiar e olhos heterocrômicos, um verde esmeralda e um âmbar. Sua vestimenta era formal, com um casaco longo e escuro sobre um vestido de malha. A Quinta Mizukage, Mei Terumi, havia chegado.
"Zabuza Momochi," sua voz era suave, mas carregava um tom inconfundível de comando. "A névoa se dissipa, e seus laços com este mercenário desprezível também devem se desfazer. Kirigakure oferece uma segunda chance para aqueles com suas habilidades... e arrependimentos." Seu olhar percorreu Haku com uma tristeza compreensiva.
Zabuza hesitou, seus olhos fixos em Haku, que o olhava com uma mistura de lealdade e resignação. A oferta da Mizukage era tentadora, uma saída da vida sombria que ele havia trilhado.
"Haku..." Zabuza começou, sua voz rouca carregada de uma emoção incomum.
Antes que ele pudesse completar a frase, Mei Terumi deu um passo à frente. "Ele também é bem-vindo. Kirigakure valoriza talentos únicos e oferece redenção."
Com um aceno lento, Zabuza cedeu. "Muito bem, Mizukage. Aceitamos sua oferta."
Enquanto isso, na vila, Tsunami repreendeu Inari por sua imprudência, dizendo que ele era muito jovem para se envolver em lutas perigosas. Mas a determinação inabalável do garoto em defender sua casa e sua família fez com que Tsunami se lembrasse de Kaiza, o herói da vila, uma memória que a atingiu com força, enchendo seus olhos de lágrimas silenciosas. Inari partiu para a ponte, sua pequena figura determinada, apenas para encontrar uma multidão de moradores esperando por ele do lado de fora da vila, seus rostos agora carregados de uma resolução tardia, inspirados pela coragem do garoto.
De volta à ponte, Kakashi baixou sua guarda, observando a interação entre a Mizukage e os dois ninjas renegados. A situação havia tomado um rumo inesperado. Gatoh, percebendo a mudança na dinâmica de poder com a chegada da Mizukage, tentou uma última manobra desesperada, ordenando a seus capangas restantes que atacassem todos.
"Formaremos uma equipe," Naruto declarou novamente, sua voz agora ecoando com uma confiança recém-descoberta. "Kakashi-sensei e a Mizukage cuidam da frente. Zabuza, Haku e eu, daremos cobertura."
O que se seguiu foi um confronto rápido e brutal. Os bandidos de Gatoh, desorganizados e despreparados para a fúria combinada de ninjas experientes, incluindo a própria Mizukage com suas poderosas técnicas de Liberação de Lava e Vapor, caíram rapidamente. Quase nenhum sobreviveu ao ataque coordenado. Restava apenas Gatoh, que tentou fugir covardemente, mas encontrou seu fim pelas mãos frias e implacáveis de Zabuza, um assassinato brutal testemunhado por todos, um último ato de vingança contra aquele que o havia traído.
Com a batalha terminada e a ameaça de Gatoh eliminada, Mei Terumi assegurou a segurança do País das Ondas e convidou Zabuza e Haku a segui-la de volta a Kirigakure. No entanto, Haku, olhando para Naruto e o Time 7, expressou um desejo surpreendente.
"Mizukage-sama," Haku disse com uma voz suave, "se me permite, gostaria de acompanhar o Time Kakashi de volta a Konoha. Sinto que... tenho assuntos inacabados lá." Seu olhar encontrou o de Naruto, carregado de uma complexa mistura de gratidão e curiosidade.
Mei Terumi, após um momento de consideração, acenou com a cabeça. "Se é seu desejo, Haku. Mas lembre-se de que Kirigakure sempre o receberá de braços abertos."
Zabuza lançou um olhar para Haku, uma ponta de preocupação em seus olhos, mas acenou em concordância. "Esteja seguro, garoto."
Naruto, observando a interação, sentia um crescente desconforto com a ideia de que os ninjas devessem se esforçar para se tornar meras ferramentas. Ele reafirmou, com uma convicção juvenil, que encontraria seu próprio caminho ninja, um caminho onde os laços e a compaixão também tivessem valor. Após se despedir de um Inari agora cheio de admiração e dos moradores agradecidos, o Time Kakashi, agora acompanhado por Haku, iniciou sua jornada de volta para Konohagakure. Em um gesto final de profunda gratidão, Tazuna decidiu nomear a ponte recém-construída de Grande Ponte Naruto.
De volta a Konoha, a missão no País das Ondas deixou marcas profundas. Apesar de Naruto ter salvado a vida de Sasuke, a dinâmica do time parecia ter se deteriorado ainda mais. Consumido pela necessidade obsessiva de superar Naruto, Sasuke se isolou, mergulhando em um treinamento solitário e recusando-se a participar de outras missões em equipe. Kakashi, percebendo a tensão crescente que ameaçava desmantelar seu time, dispensou seus alunos por aquele dia, esperando que o tempo e a reflexão pudessem aliviar a situação. Antes de partir, Sasuke lançou um olhar frio e cortante para Naruto, carregado de uma rivalidade amarga. "Só porque você ficou mais forte não significa que é melhor que eu." Então, com um desdém cruel direcionado a Sakura, sugeriu que ela abandonasse a ilusão do trabalho em equipe e focasse em aprimorar suas próprias habilidades, já que ela era, em suas palavras venenosas, inferior até mesmo a Naruto.
Com uma determinação renovada e um peso de responsabilidade em seus ombros, Naruto seguiu diretamente para a Torre Hokage. Precisava falar com seu avô sobre o estranho baralho, o poder ocular que recebera daquele ser desconhecido e agora, também, sobre a chegada inesperada de Haku a Konoha. Ao chegar à porta do escritório do Hokage, bateu e, após ouvir um "pode entrar" abafado, encontrou Hiruzen Sarutobi sentado à sua mesa, a fumaça de seu cachimbo pairando no ar. "Velho," Naruto começou, sua voz séria e urgente, "tenho umas notícias importantes para você. Pode dispensar seus ANBU daqui." Com um sinal de mão quase imperceptível, Hiruzen indicou a seus guardiões invisíveis que se retirassem, ou assim ele pensou.
"Velho," Naruto insistiu, seus olhos fixos em um ponto específico da sala, sua percepção aguçada por seu novo poder ocular. "Ainda falta um perto dos livros." Hiruzen, uma ruga de surpresa vincando sua testa, ordenou a seus ANBU que revisassem a sala com mais cuidado. Para sua consternação, encontraram um membro da Raiz camuflado nas sombras da estante, sua presença sinistra confirmando as preocupações de Naruto.
"Muito bem, vovô," Naruto começou novamente, sua voz agora carregada de um tom de urgência e confidência. "O que tenho para te falar é o seguinte..." E então, Naruto relatou todos os eventos desde o início da missão no País das Ondas, desde o aparecimento da estranha caixa e o despertar de seu novo olho e suas habilidades inexplicáveis, até a chegada de Mei Terumi, a decisão de Zabuza e Haku, e o retorno inesperado do jovem ninja de gelo a Konoha. Hiruzen ouviu atentamente, sua expressão tornando-se cada vez mais séria enquanto Naruto compartilhava os detalhes extraordinários de sua missão.
Enquanto isso, em um laboratório subterrâneo e sombrio, iluminado por luzes frias e salpicado de equipamentos científicos sinistros, um garoto pequeno, não mais que sete anos, estava encolhido em uma cela fria. Seus olhos arregalados, carregados de uma tristeza profunda e uma sabedoria precoce, fixavam-se em um ponto indistinto da parede. Uma onda de calafrios percorreu seu corpo franzino, acompanhada por uma certeza visceral que ecoava em sua mente infantil: Alguém virá. Eu sei que alguém virá me resgatar.